A Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaratuba, no litoral paranaense, e o Parque Nacional de Ilha Grande, entre os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, são as primeiras do Estado a serem incluídas na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional. As áreas também receberam o nome de “Sítio Ramsar”. A classificação, confirmada nessa segunda-feira (2) pelo Ministério do Meio Ambiente, é usada como principal instrumento para proteger áreas úmidas e habitats aquáticos importantes para a conservação de diversas espécies, principalmente aves migratórias.
“Isso demonstra que o Paraná está preocupado com a questão ambiental tendo entre essas unidades uma de uso sustentável (a APA), que permite a produção de forma sustentável. Com esse reconhecimento internacional abre-se uma porta para a aquisição de recursos para melhorar esses ambientes, trazendo mais condições de proteção”, explica o chefe do Departamento de Estratégias de Conservação do IAP, Francelo Mognon.
De acordo com ele, a inclusão das áreas na lista não as torna unidades de conservação, até porque já o são e têm o uso racional dos recursos naturais restritos, mas pode trazer outros benefícios.
“São inúmeros benefícios, desde mais incentivo ao turismo ambiental na região, aprofundamento de pesquisas científicas, valorização dos produtos produzidos na APA, principalmente aqueles que possuem algum tipo de certificação, entre outros. O município também pode ter uma melhora no seu repasse do ICMS Ecológico, visto que o reconhecimento desses ambientes demonstra qualidade da unidade de conservação”, disse.
Além disso, a classificação também permite prioridade na implementação de políticas governamentais e reconhecimento público, tanto por parte da sociedade como por parte da comunidade internacional.
SÍTIOS RAMSAR - O reconhecimento e a classificação de áreas com essa característica foram estabelecidos na Convenção sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional em 1971, em Ramsar, no Irã. O Brasil se tornou signatário desse acordo em 1996.
Entre os objetivos da convenção está estabelecer marcos para ações para promover a conservação e o uso racional das áreas, de acordo com o reconhecimento da sua importância ecológica e dos seus valores social, econômico, cultural, científico e recreativo.
Com esses dois locais e mais a APA Cananéia-Iguape-Peruíbe, em São Paulo, também reconhecida na ocasião, o Brasil passa a ter 22 áreas úmidas com o título.
SÍTIO RAMSAR GUARATUBA - Localizado no município com mesmo nome, no litoral do Paraná, possui cerca de 40 mil hectares e está localizado dentro da APA Estadual de Guaratuba, que tem no total cerca de 200 mil hectares. A área foi apresentada em 2015 para o Comitê Nacional de Zonas Úmidas do Ministério do Meio Ambiente, pela bióloga Bianca Luiza Reinert, vice-presidente do Conselho Gestor da Unidade de Conservação.
A região apresenta potencial para o turismo, com suas serras com campos de altitude, rios, cachoeiras, represas, baía, planícies costeiras, manguezais e sítios arqueológicos. Além disso, já foram registradas na área 322 espécies de aves, sendo 14 destas ameaçadas de extinção a nível global.
SÍTIO RAMSAR PARQUE NACIONAL DA ILHA GRANDE – Inserido por completo no Parque Nacional da Ilha Grande, sob o rio Paraná e na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, possui 78 mil hectares inseridos no Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná.