Araupel e MST selam acordo com
intermediação do Governo do Estado

Com o acordo, a Araupel poderá fazer a extração das florestas de pinus e eucalipto na Fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu e o MST pode manter no local o acampamento onde vivem três mil famílias
Publicação
20/02/2017 - 14:20

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O governador Beto Richa recebeu nesta segunda-feira (20), no Palácio Iguaçu, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da madeireira Araupel, que selaram um acordo de convivência pacífica nas cidades de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, no Centro-Sul do Estado. O termo é resultado de seis meses de negociações intermediadas pela Assessoria Especial de Assuntos Fundiários, do Governo do Estado, e foi firmado pelo Ministério Público do Paraná no dia 9 de fevereiro.
Com o acordo, a Araupel poderá fazer a extração das florestas de pinus e eucalipto na Fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu, com acesso pelas pontes do Rio das Cobras e do Rio das Despedidas. O MST, por sua vez, pode manter no local o acampamento onde vivem três mil famílias.
Richa destacou que o acordo só foi possível graças a um entendimento entre todas as partes que estavam dispostas a negociar. “Conseguimos um ótimo acordo, que garante a operação da Araupel, preservação de empregos na região e o sossego e paz para o movimento, que pode tratar de forma mais tranquila suas necessidades”, disse o governador. “Quando as coisas caminham de forma harmônica, conseguimos avançar e trazer boas soluções para todos”, afirmou.
SOLUÇÕES – Richa lembrou que se reuniu em Brasília, no ano passado, com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para buscar soluções para os conflitos agrários no Paraná. Ele também ressaltou que o governo sempre aposta no diálogo para resolver as questões que envolvem os cidadãos paranaenses.
“Acima da competência, de medidas importantes e de um bom planejamento de governo, é preciso haver sensibilidade por parte do governante”, disse. “Nós temos sensibilidade de entender a importância das reivindicações dos movimentos sociais e sempre procuramos dialogar para resolver essas questões”, salientou.
JUSTIÇA - O assessor especial de Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, destacou que o acordo garante a convivência entre as partes enquanto ainda não há uma decisão sobre a propriedade da área, que corre na Justiça Federal. “Com isso, a empresa volta a trabalhar em Rio Bonito do Iguaçu, já que em Quedas do Iguaçu a situação não há mais restrições”, explicou. “O MST continua ocupando e plantando nessas áreas e a Polícia Militar dá a segurança necessária para que haja convivência até que saia a decisão judicial”, disse.
ESFORÇO – Diego Moreira, membro da Coordenação Nacional do MST, elogiou o esforço do Governo do Estado em buscar uma solução para os conflitos e garantir a estabilidade na região. “É um acordo simbólico, principalmente no momento que o Brasil vive. É uma atitude que manifesta os passos que precisamos dar para o fortalecimento da democracia”, afirmou.
“Ele permite que as famílias possam trabalhar, que as 750 crianças que vivem lá possam estudar e também desvincula do movimento a falsa ideia de que o MST esteja furtando madeira nessa área. Queremos resolver de forma pacífica esse conflito que é de grande dimensão”, explicou Moreira.
O diretor de Operações da Araupel, Norton Fabris, ressaltou que o acordo permite que a empresa continue operando nos dois municípios. De acordo com ele, a madeireira é responsável por 40% da economia da região e gera mil empregos diretos e outros três mil indiretos.
“Fazemos este acordo como uma trégua emergencial para que possamos dar continuidade à nossa operação. Éramos muito prejudicados com a falta de acesso às florestas e teríamos um horizonte muito curto de trabalho se essa situação continuasse”, contou. “Também é fundamental o apoio das forças de segurança do Estado para acabar com os furtos de madeira que ocorrem a luz do dia”, disse Fabris.
FURTO DE MADEIRA – Além de garantir a convivência pacífica, o objetivo do acordo é também acabar com os furtos de madeira na região, denunciados tanto pela Araupel como pelo MST. Para isso, será formada uma força-tarefa envolvendo as polícias Militar, Civil, Ambiental e Rodoviária Estadual e o Instituto Ambiental do Paraná para eliminar a extração ilegal de madeira.
“No dia 2 de março teremos uma reunião em Laranjeiras do Sul para começar efetivamente este trabalho em conjunto e ajustar a questão da segurança pública na região”, afirmou Serighelli.
O comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, Maurício Tortato, explicou que as forças de segurança atuarão tanto na busca de soluções pacíficas para o conflito como para evitar os furtos. “Vamos intensificar a atuação da Polícia Ambiental para evitar os crimes ambientais e o furto de madeira. Também iremos compor um quadro para uma atuação presente da Polícia Militar, com o objetivo de viabilizar a atividade econômica da Araupel e alcançar a paz no campo”, afirmou.
PRESENÇAS - Participaram da solenidade a vice-governadora Cida Borghetti; o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni; o procurador do Ministério Público do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior; o presidente do Instituto Ambiental do Paraná, Luiz Tarcísio Mossato Pinto; a representante da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Juliana Romano; o subcomandante-geral da PM, coronel Arildo Dias; e os deputados estaduais Luiz Cláudio Romanelli e Professor Lemos.

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