Há pouco mais de dois anos, o único poço que abastece o distrito da Fazendinha, no município de Rio Negro, no Sul do Paraná, começou a desmoronar, deixando os cerca de 400 moradores quase sem água. A situação, no entanto, durou pouco tempo. Em menos de um mês, o Instituto das Águas do Paraná, acionado pela prefeitura, construiu uma nova estrutura e garantiu a oferta de água boa à comunidade.
A iniciativa se deu por meio do programa Água no Campo, criado em 2014, que viabiliza a perfuração de poços artesianos em comunidades rurais do Estado. De lá para cá, além da Fazendinha, outros 395 poços foram feitos em comunidades rurais de 100 municípios do Paraná. O investimento do Governo do Estado chega a R$ 7 milhões. “É um projeto inovador, que mostra o olhar do governo para as pessoas, independente de onde estejam”, diz a governadora Cida Borghetti.
PARCERIA – As perfurações levam, em média, dois dias. Uma equipe do Águas do Paraná vai até o local com um conjunto de máquinas - caminhão, compressores e perfuradores. “Após a conclusão das escavações, encaminhamos um relatório técnico para as prefeituras e comunidades. É nessa hora que precisamos deles para a ligação e a manutenção da rede”, afirma o presidente do Instituto das Águas do Paraná, Iram de Rezende.
No distrito da Fazendinha, essa parceria deu certo. Depois da perfuração, a prefeitura colaborou com a ligação e o produtor e técnico agrícola Pedro Paulo de Oliveira Braz, 32, começou a cuidar do poço artesiano. “Aqui na comunidade, quando falta água, todo mundo vem falar comigo”, diz ele, que além de ser o “homem da água”, cuida de sua propriedade de três alqueires e ainda revende sorvete para uma empresa.
No distrito, cada um paga uma taxa para o usar o serviço, com base no volume consumida. Braz administra tudo. O dinheiro é usado na manutenção da rede e para o pagamento dele.
VAZÃO – O poço antigo, construído há cerca de 30 anos, deveria abastecer os distritos Fazendinha 1 e Fazendinha 2, mas a vazão de 10 mil metros cúbicos era tão baixa que não dava conta nem de uma comunidade. “O novo poço, no entanto, tem vazão de 60 mil metros cúbicos por hora. Com ele, daria para abastecer não só aqui, mas quase toda Rio Negro”, diz Izonel Carrara, secretário municipal de agricultura e meio ambiente.
A moradora Maria Turchen Grohs, 60 anos, mora na frente do poço artesiano. Ela lembra que com a antiga estrutura às vezes faltava água. “Agora, no entanto, praticamente todo dia tem. Quando dá algum problema na bomba, rapidamente é solucionado”, diz.
A agricultora Cirlei de Oliveira, 50 anos, recorda como era difícil no tempo em que não havia água na comunidade. “Eu, com 11 anos, tinha que pegar o balde para buscá-la no rio. Quando chovia, era uma dificuldade tremenda. Nos últimos anos, com água à vontade, estamos felizes e ficou ainda mais gostoso morar no interior”.
MAIS RECURSOS – O Instituto Águas do Paraná tem dois contratos com o Bird (Banco Mundial) para a perfuração de poços artesianos no Estado. O primeiro, que está em fase de contratação de licitação, prevê a escavação de 37 poços em 43 comunidades. O valor é de R$ 3,6 milhões.
O segundo contrato, estimado em R$ 12 milhões, além de perfuração, contempla estudos, limpeza, desinfecção, testes de vazão, análise de água e elaboração de projetos de sistema de abastecimento. O número de comunidades beneficiadas ainda depende de estudos.
“Com esses novos recursos, vamos levar ainda mais poços às comunidades afastadas, o que vai reforçar não só o consumo humano de água, mas também colaborar com as atividades agrícolas”, relata Rezende.